O Café da Manhã Anahp da última terça-feira (21) abordou o tema “Protocolos de Deterioração ClÃnica do Paciente e Sistemas de Alerta Precoce (Early Warning Score Systems)”.
Organizado pela Anahp e Hill-Rom, lÃder mundial em tecnologias médicas e serviços relacionados para a indústria de cuidados de saúde, o evento contou com palestras de Daniella Krokoscz, enfermeira do Hospital SÃrio-Libanês especialista em Cuidados Intensivos e Mestre pela Escola de Enfermagem da USP, e de Juliana Villa, Gerente de Produtos da Divisão Front Line Care da Hill-Rom América Latina e Gerente de Conectividade.
Daniella compartilhou a experiência do Hospital SÃrio-Libanês na formulação de estratégias para a identificação de deterioração clÃnica do paciente e como funcionam os sistemas de alerta precoce na instituição.
Ela relatou que existem vários Sistemas de Alerta Precoce, mas se debruçou sobre o MEWS, um dos mais acurados para prever parada cardÃaca, mortalidade, transferência para a UTI e uma variedade de outros desfechos hospitalares.
Ele foi o escore selecionado para implantação em todas as unidades de internação do Hospital SÃrio-Libanês, após piloto conduzido nas unidades semi-intensivas. Houve treinamento teórico para sensibilização sobre o tema, conduzido de 6 a 10 de junho de 2016, com cerca de 2300 colaboradores da área assistencial.
A intenção agora é que todos os pacientes adultos admitidos nas unidades de internação e semi-intensivas tenham o score de MEWS calculado e registrado junto aos seus sinais vitais. A pontuação maior ou igual a 4 nesta escala configurará critério para acionamento do código vermelho e, portanto, acionamento do hospitalista em caráter de urgência.
Nesse sentido, Daniella diz que ter Times de Resposta Rápida (TRR) - um grupo multidisciplinar com equipes treinadas para responder prontamente o atendimento de pacientes que estão apresentando deterioração do quadro clÃnico fora dos ambientes de terapia intensiva – no hospital é essencial para reduzir morbidade e mortalidade. A indicação de TRR é feita pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), entre outros respeitados órgãos.
Daniella relatou que, a partir de 2007, o Hospital SÃrio-Libanês passou a contar com médicos plantonistas, que se deslocavam para atendimento a parada cardiorrespiratória em escala rotativa seguida pelos médicos do pronto atendimento e das unidades crÃticas. No entanto, desde 2014 a entidade conta com médicos hospitalistas dedicados integralmente à atuação como TRR.
“Fizemos diversas melhorias no atendimento a pacientes em situação como essa, dentre elas unificação do fluxo de atendimento a urgências e emergências, monitoramento do tempo de chegada da equipe médica para atendimento de emergências, sistema de Unidade de Resposta AudÃvel - URA para atendimento de urgências, especialização do processo de capacitação em atendimento a urgências para os enfermeiros referência em PCR, condução de simulados periódicos, controle de estoque do carro de emergências por meio de sistema, realizado pela equipe de farmácia. E está previsto para 2016 outras melhorias, como a determinação da atuação inicial da equipe de enfermagem frente aos diversos códigos de urgência e emergência”, revelou Daniella.
“A identificação do paciente com potencial risco para deterioração clÃnica e a intervenção eficaz são ações determinantes do desfecho hospitalar”, completou.
Tecnologia como Aliada
Juliana Villa, responsável pela área de Inovação Tecnológica Hill Rom/Welch Allyn, apresentou dados do Observatório Anahp 2016 que indicam que o número médio de enfermeiros (padrão 180h) por leitos de UTI, semi-intensiva e unidades de internação está abaixo de 1 no Brasil.
Segundo Juliana, o dado evidencia o desafio dos hospitais em obterem uma avaliação de alerta precoce do paciente. “Se o enfermeiro passa apenas uma ou duas vezes por dia no leito de cada paciente, como ele pode diagnosticar com precisão a tendência de piora do paciente?”, indagou, completando que sinais clÃnicos de deterioração, incluindo alterações de sinais vitais e mudanças de nÃvel de consciência costumam estar presentes pelo menos 8 horas antes da maioria das paradas cardÃacas.
Por isso Juliana destaca a necessidade de investimentos em ferramentas que possam “compensar” essa ausência, monitorando automaticamente a maioria dos indicadores que alertem sobre uma tendência de deterioração clÃnica.
“Hoje, as tecnologias são capazes de facilitar a identificação precoce dos pacientes com risco de deterioração clÃnica e maximizar os fluxos de trabalho para a implantação efetiva de protocolos que melhoram os resultados clÃnicos”, diz ela.
De acordo com o apresentado, atualmente podem ser monitorados automaticamente: Pressão arterial sistólica (PAS), Temperatura (temp.), Frequência cardÃaca (FC). O desafio é levar a tecnologia a avaliar outros parâmetros, como Frequência respiratória (FR) e NÃvel de consciência (SNC).
“Consideramos que a chave do sucesso nesse tema é incorporar a medição, documentação e cálculo de pontuação dentro do fluxo de trabalho das enfermeiras e auxiliares; garantir a comunicação/notificação de resultados das avaliações de risco do paciente – Protocolo de Escalamento; automatizar o processo tanto quanto seja possÃvel; promover a capacitação continua; e monitorar aderência e cumprimento dos protocolos”, finaliza.
FONTE ANAHP